A crise econômica fez com que muitas empresas de pequeno e médio portes passassem a considerar a terceirização como alternativa de diminuição de gastos e para evitar a imobilização de capital na aquisição de frota própria. Até então, o serviço era mais utilizado por grandes empresas e pelo o setor público, que já fizeram as contas e perceberam que terceirizar gera mais economia, além de maior eficiência logística.
O diretor de gestão e terceirização de frotas da Ouro Verde, David Zini, relata que diante do cenário de incertezas políticas e econômicas, restrição ao crédito e juros altos, tem percebido um movimento favorável à terceirização, porém, ainda tímido. “Algumas empresas, pelo fato de não ter capital de giro para investir na renovação da frota, estão optando pela locação. Mas ainda não podemos dizer que a crise está gerando novos negócios, mas pode representar um motivo para que empresários que nunca consideraram locar, passassem a considerar a terceirização como uma alternativa vantajosa”, conta.
Essa percepção é compartilhada pelo proprietário da Ricci Locadora, Flavio Nabhan, que também tem notado aumento na busca por informações sobre a locação de veículos para pessoas jurídicas. “A crise fez com que as empresas voltassem seus olhos para a terceirização. Temos recebido várias consultas de novos clientes, mas ainda não estamos fechando negócios. É um movimento que pode conduzir a uma mudança de postura do setor empresarial”, avalia.
De acordo com David Zini, a penetração da terceirização de frota no Brasil ainda é muito inferior do que em países como EUA, Europa e Canadá, em que a locação corresponde a 45% da frota empresarial. “O Brasil tem cinco milhões de veículos leves em nome de pessoas jurídicas. Se somarmos todas as locadoras do país, a frota não chega a 500 mil, ou seja, não chega a 10% da frota própria das empresas”, esclarece.
O executivo credita tal situação a três pontos essenciais. Um deles é o fato de que muitas empresas fazem seu balanço com base no lucro presumido, e não pelo lucro real, que coloca a frota como despesa. Assim, em uma primeira análise, o financiamento de veículos e o leasing parecem mais vantajosos do que a locação.
Outro fator é o sentimento patrimonialista de muitos empresários brasileiros, principalmente os de pequeno e médio porte, que têm orgulho de ter sede e frota próprias. “Esse sentimento lhes dá a segurança de possuir patrimônio, mas esquecem que esse ativo tem um passivo forte, especialmente pela necessidade de gestão da frota, manutenção e multas”, explica Zini.
Porém, na sua opinião, o ponto mais importante é a profissionalização adequada das locadoras. “Esses três fatores diminuem a penetração das locadoras no mercado corporativo. O único ponto que as locadoras têm condições de mudar é o último, que diz respeito à profissionalização. A locadora tem que oferecer uma proposta de valor agregado, que é a locação profissionalizada, que possa ser vista como aliada às estratégias e aos negócios dos clientes. Não basta ter capital e apenas disponibilizar o veículo”, alerta.