O ano de 2016 foi crítico para praticamente todas as empresas. E para as locadoras de veículos não foi diferente, especialmente para a locação a longo prazo. De acordo com dados fornecidos pela EuroIT, empresa especializada no segmento de soluções para locadoras que está no mercado há 11 anos e possui aproximadamente 800 clientes em seu portfólio, 95% das empresas tiveram diminuição de frota. “Tivemos clientes que tinham 2.500 veículos e baixaram para 300 em questão de poucos meses. Há de se observar que estes clientes que tiveram uma redução significativa tinham duas características, trabalhavam com locação de longo prazo e com órgãos públicos em sua maioria”, analisa Julian Gritsch, diretor da EuroIT Tecnologia.
Verificou-se também o fechamento de muitas locadoras e as que se mantiveram no mercado, iniciaram um processo de controle mais próximo de seus custos, o que demandou que a EuroIT criasse novas soluções de indicadores de despesas em seu sistema. Gritsch avalia que o setor de locação começou a apresentar dificuldades já no início de 2015, se agravando até metade de 2016.
Para o presidente do Conselho Nacional da Associação Brasileira de Locadoras de Automóveis (Abla), Paulo Nemer, o ano passado foi marcado pela instabilidade, tanto na esfera política quanto na econômica. “Isso afetou principalmente os grandes mercados de petróleo, de minérios, os preços das commodities entraram em queda, o custo do dólar chegou a patamares assustadores e, com tudo isso, houve um desaquecimento que também impactou o nosso segmento. Isso porque empresas que atuam direta ou indiretamente nas áreas de construção civil, óleo e gás, além da mineração, diminuíram o uso de veículos alugados. Além disso, as montadoras também reduziram a produção de veículos e o crédito se tornou mais caro e mais escasso. Foi um ano bastante desafiador”, avalia.
O dirigente da Abla acredita que para 2017 existe um mercado potencial para o setor de locação entre as pequenas e médias empresas, que passaram a considerar a possibilidade de vender seus veículos e migrarem para a terceirização de frotas. “Já quanto ao turismo, acreditamos na tendência de crescimento das viagens de brasileiros dentro do próprio Brasil, em substituição aos destinos no exterior, em função do atual preço do dólar”, estima.
A recomendação da Abla para seus associados é focar na qualificação de suas equipes, repensar formas de gestão, melhorar a agilidade no atendimento, conveniência e buscar novos diferenciais a serem agregados na locação de um veículo. “Será preciso implantar novidades que possam colaborar para a eficácia e a eficiência do aluguel de veículos, o que entendemos que será cada vez mais essencial dentro do nosso setor”, afirma.
Abertura de capital de grandes locadoras (I.P.O.)
Segundo Nemer, o Brasil é um país de dimensão continental, exigindo que o setor de locação tenha capilaridade para atender a milhões de clientes. Para isso, ao lado das grandes redes, a importância da presença das pequenas e médias locadoras em praticamente todas as cidades é muito grande. “Novas alternativas para a capitalização da atividade tendem a ser positivas para o setor como um todo. É preciso lembrar que o crédito necessário para a nossa atividade, obtido de maneira tradicional junto às instituições financeiras, continua com taxas proibitivas. Assim, quanto mais opções de financiamentos começarem a ser oferecidas e utilizadas pelas locadoras, melhor para a concorrência saudável e para o próprio fortalecimento dessa importante atividade econômica que é a locação de veículos no Brasil”, pondera.