As empresas brasileiras nunca estiveram tão endividadas. Um recente levantamento da Serasa Experian apresentou dados alarmantes: 31,4% dos CNPJ´s do país possuem dívidas. São 7,1 milhões de empresas nesta situação, o maior número já registrado na série histórica do Indicador de Inadimplência das Empresas.
Essas dívidas, somadas, chegaram a R$ 154,9 bilhões em janeiro de 2025. Apenas entre dezembro e o último levantamento, houve um aumento de R$ 4,3 bilhões. Em média, cada CNPJ carrega 7,2 contas negativadas. No Paraná, a situação também exige atenção, pois somos o quarto estado com maior índice de inadimplência empresarial, com 26,3% dos estabelecimentos com débitos em aberto.
Vivemos um momento em que tanto empresas quanto consumidores enfrentam o peso do crédito caro. O principal fator por trás disso é a alta contínua das taxas de juros, iniciada no segundo semestre do ano passado. A cada nova reunião, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central eleva a taxa Selic, arrastando todas as demais tarifas de crédito para as alturas.
Para o nosso setor, esse cenário é especialmente desafiador. A locação de veículos é uma atividade de capital intensivo, que exige investimentos constantes em frota. Quando os juros sobem, o custo do financiamento também aumenta, e isso pressiona os preços dos veículos, encarece o crédito e compromete o equilíbrio financeiro das locadoras. Muitas vezes, somos obrigados a repassar esse custo ao cliente, o que pode reduzir a demanda e afetar o desempenho do setor como um todo.
Em um ambiente econômico como esse, tanto conceder quanto tomar crédito são tarefas igualmente arriscadas e requerem análises minuciosas. Por um lado, enfrentamos uma inadimplência crescente; por outro, os custos do crédito estão em patamares muito elevados, dificultando o acesso ao capital de giro e ao financiamento de novos veículos.
A consequência direta disso é a retração do consumo. O encarecimento do crédito compromete o poder de compra dos consumidores e dos usuários dos serviços de locação. Isso reduz a demanda, diminui a receita das empresas e cria um ciclo vicioso de estagnação. Além disso, os juros altos inibem investimentos e postergam decisões estratégicas que poderiam impulsionar o crescimento das companhias.
O mercado financeiro projeta que a taxa Selic continue subindo, podendo alcançar o patamar de 15% ao ano. Esperamos que, ao menos, esse seja o limite. Passar desse ponto representaria um risco ainda maior para o setor produtivo, comprometendo a capacidade financeira das empresas e travando a economia. Precisamos de um ambiente mais estável e previsível, que favoreça o crescimento do setor produtivo e a saúde financeira dos negócios.
Fernando Klein Nunes
Presidente do Sindiloc-PR