Em série de reportagens, sindicato aborda tema complexo que impacta diretamente o setor de locadoras de veículos
Dada a importância do tema, iniciaremos nessa edição uma séria de reportagens sobre os seguros de locação de veículos, com entrevistas exclusivas com o diretor geral da Multiassist Consultoria e Corretora de Seguros Ltda., e consultor da ST Administradora e Corretora de Seguros Ltda., Ildebrando T. S. Gozzo. Nesse boletim, começaremos pelo aumento dos valores de seguros de veículos, que provocou reações adversas por parte dos segurados.
A pandemia da covid-19 foi a principal indutora na elevação dos prêmios dos seguros de frotas de locadoras, das franquias e da dificuldade de aceitação desse tipo de risco, ao afetar severamente a produção de veículos por falta de componentes. O que levou a indústria automobilística a experimentar queda expressiva na produção de veículos zero km, de acordo com o diretor geral.
Ele relata que, num primeiro momento, a redução da atividade econômica, por força da determinação do isolamento, trouxe como consequência uma queda expressiva na circulação de veículos nas cidades e rodovias. “Com isso, houve um período em que as seguradoras reduziram a frequência dos sinistros, com consequente reflexo positivo na queda da sinistralidade na carteira de automóveis, impactando positivamente nos resultados das companhias. Tal performance levou os subscritores a reduzirem os preços dos prêmios, das franquias e a uma maior abertura na aceitação de seguros de veículos, inclusive de frotas de locadoras”, afirmou.
Mas, segundo ele, essa decisão, mais à frente, mostrou-se totalmente equivocada, pois a redução na produção de veículos zero km refletiu na procura por veículos seminovos, elevando acentuadamente o preço médio desses veículos. Nessa esteira, os veículos novos também tiveram elevação nos seus preços, incluindo o das peças e da mão de obra de mecânica e de funilaria. “Outro fator agravante na sinistralidade das seguradoras foi o de que, a partir da retomada gradual da atividade econômica, os veículos em circulação, gradualmente, também retornaram às ruas e rodovias, fazendo com que se elevasse a frequência na ocorrência dos sinistros”, complementou Ildebrando.
As seguradoras, não tendo avaliado corretamente o que ocorreria no futuro quanto aos seus custos com sinistros, tarifaram suas apólices muito aquém do que seria necessário. Quando a elevação dos custos com sinistros chegou, muitas seguradoras amargaram relevantes prejuízos, e outras reduziram suas margens de lucro, tanto em 2021 como em 2022, conforme ponderou o consultor.
Como consequência, o mercado segurador passou a ser mais conservador na aceitação dos riscos de locadoras de veículos, elevando drasticamente os preços dos prêmios e franquias, não só para retomarem os seus lucros, como também para recuperar os prejuízos já então contabilizados.
“Contudo, embora a obrigação legal do mercado segurador de proteger o mútuo constituído pela soma de prêmios pagos pelos segurados, observa-se que há uma dosagem por demais exacerbada, seja na apreciação/aceitação dos riscos, quanto na precificação dos prêmios e nas franquias”, disse.
Precificação
Ainda de acordo com o diretor geral, o valor do seguro tem importante impacto na precificação dos contratos de locação. Com a elevação dos custos nos prêmios e, por ocasião dos sinistros, nos valores das suas franquias, houve enorme insatisfação e preocupação das Locadoras com os resultados das suas operações. Pois tiveram que conviver com esse novo cenário, que trouxe diversas consequências. Essas, e as possíveis saídas frente à nova realidade serão pauta para a segunda matéria da série.